sábado, 5 de março de 2011

Desabafo!

Sobre a ética na política, preciso desabafar. Minha família em Minas Gerais tem suas raízes políticas encravadas nas lutas do PSD e do MDB pela redemocratização. Ainda garoto, ingressei na política em meados da década de 70, pelas mãos do Professor Nadim Dib, para distribuir panfletos durante a campanha eleitoral municipal do MDB.

Depois, nossa devoção nos aproximou dos ideais de Comunidades Eclesiais de Base pelos Padres Europeus - Tomé e Martim -, da Igreja Nossa Senhora D´abadia, de Ituiutaba (MG). Naquele árduo tempo silencioso, nos reuníamos nos fundos da igreja. Meu falecido tio Mauricio Carlos de Assis, era estudante seminarista em São Paulo, a quem coube trazer os ideais de liberdade que uma minoria silenciosa já cochichava nos corredores acadêmicos, antes mesmo de ganhar as ruas para propor a formação um novo partido político: de trabalhadores, pelos trabalhadores, para os trabalhadores.

A idéia central não era buscar o poder imediato. Queríamos incentivar e apregoar a participação do povo na vida política da nação, para ao longo do tempo permitir o surgimento de novas e autênticas lideranças, já que todos os grandes líderes de oposição ao regime foram extirpados e sufocados pelo arbítrio. Recordo-me bem quando realizamos o primeiro comício de lançamento oficial pela criação do Partido dos Trabalhadores na periferia de Capinópolis (MG): um caminhão-palanque, três oradores e dois correligionários e ninguém na platéia.

Já no final da década de 70, na minha juventude, morei um período na região de Santa Terezinha (MT), onde conheci o índio Zé Tatu, um líder remanescente da Guerrilha do Araguaia, pessoa que convivi por oito meses, compartilhando seus ideais e suas histórias, até que, acometido pelo plasmódium falsiparum, tive que retornar e nunca mais o vi. Após minha recuperação de saúde em um hospital de Goiânia, conheci meu primo-segundo Sebastião Aguiar (MDB), com quem estive em suas campanhas até sua morte na queda do avião que o levara ao comício de Itumbiara (GO), durante as eleições do MDB em 1982. O destino me levou a Mara Rosa (GO), como funcionário concursado do Banco do Brasil. Naquele ano, o PT apresentava para a sociedade, o seu primeiro candidato ao Governo de Goiás – Athos Magno. Embora tenha me empenhado muito em debater com o povo de Mara Rosa (GO), para nossa decepção, obtivemos apenas um único voto: o meu. Naquela cidade, me casei com a filha de José Ariaco, vereador do MDB por dezesseis anos em Amaroleite/Mara Rosa (GO), que tinha sido candidato a prefeito em 1978 pelo MDB e derrotado pela sublegenda. O fato é que em 1983, já estava casado e me ingressei no MDB pelas mãos do Prefeito Pedro Francisco Dias, o qual percebia que as minhas ações tinham alto conteúdo ideológico e social que se aflorava com a condução e mobilização dos pequenos produtores na criação da primeira Associação dos Produtores Rurais de açafrão de Mara Rosa em 1982 e a Associação de Garimpeiros de Mara Rosa em 1988. Devido a divergências internas no MDB, em 1986, os laços de amizade com os MDBistas, Vergílio Bucar Moreno, advogado e o vereador João Ramos, acompanhando o Senador Mauro Borges, criamos o PDC – eu fui seu primeiro secretário.

Por interferência do Prefeito Pedrão, em 1989, na onda Collorida que assolou o País, eu, os Vereadores Milton Leiteiro, Sebastião Cassimiro e Expedito Garimpeiro, criamos o PRN em Mara Rosa, eu fui seu criador e Presidente, oportunidade em que conheci pessoalmente o Ministro Iris Rezende, a quem desde então tenho apoiado com todas as minhas forças ideológicas, em sua chapa, fui candidato a Deputado Estadual em 1990 com 97 votos, em 1998 com 298 votos e Deputado Federal em 2002 com 497 votos e em 2010 com 1561 votos, sempre fiel ao programa e a doutrina de IRIS e do PMDB. Meu slogan de campanha em 2010 teve alto conteúdo ideológico: ABC da eleição. Advogado, defendendo a ética na política - Bancário, defendendo a regulamentação da profissão e Católico, defendendo a vida em toda sua plenitude. Não comprei nenhum voto, não me corrompi e nem fui corrompido. Foram votos de colegas bancários, amigos, parentes e amigos destes. E é nisso que quero fazer aqui meu desabafo.

A sociedade clama por ética na política, por uma eleição sem corromper as pessoas, sem gastos exorbitantes, apenas com o debate sobre as melhores propostas e das idéias que ponham fim aos nossos graves problemas sociais. Atirei-me na campanha de 2010 com esse propósito e saí dela do mesmo jeito – íntegro. Entretanto, novos ventos sopram da Suprema Corte sinalizando que desde a interpretação dada pelo TSE exarada na resposta à Consulta nº 1398/2007, objetivada na Resolução TSE nº 22.580/2007 e agora, no recente entendimento do Pleno do STF exarado no julgamento do MS 29988/2010, que o mandato pertence ao partido, renasce uma esperança, pois o primeiro suplente está com suas contas de campanha desaprovadas, o segundo suplente desfiliou-se e eu sou o terceiro suplente. Terceiro que pode se tornar primeiro, que pode se tornar titular, graças ao sistema proporcional adotado pela Letra Maior escrita em 1988, o qual, como os constitucionalistas de outrora, debruçado sobre o tema, passo a defender.

Nessa eleição, para Deputado Federal, o Povo que é soberano, deu ao PMDB quase 700 mil votos ao PT pouco mais de 250 mil votos e o PCdoB aproximadamente 70 mil votos. Ao final do julgamento do recurso interposto e a depender da validade da lei da ficha limpa, o PCdoB pode eleger um legítimo representante para essa minoria, graças do sistema proporcional que adotamos, aliás, sem o qual, essa significante minoria estaria fadada não a supremacia, mas a uma espécie de ditadura da maioria sobre a minoria. E não haveria justiça alguma se acaso essa minoria, em caso de vacância pelo titular da vaga, seja que motivo for, sejam obrigados a perder essa voz no parlamento brasileiro.

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